Educação e valorização do patrimônio são fundamentais para sua preservação

Entrevista com Marcio Ferreira Rangel, pesquisador da Coordenação de Museologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e Professor Adjunto da Escola de Museologia (Unirio).

Qual a importância de se abordar o tema “Patrimônio em Risco”?

A conservação do patrimônio é uma atividade constante que exige recursos e profissionais especializados. A própria heterogeneidade do patrimônio é um desafio que se coloca para todos que atuam nesta área. Ele é sempre cultural, mas pode ser material, imaterial, natural entre outras possibilidades. Considero relevante mencionar a importância do processo educativo como minimizador dos riscos relacionados ao patrimônio. Quando socialmente reconhecemos o valor de um bem, contribuímos direta ou indiretamente para a sua preservação. Existe um conjunto de leis, recomendações e declarações nacionais e internacionais que normatizam o campo do patrimônio e têm por objetivo garantir sua integridade física e informacional. Ao abordamos o tema do patrimônio em risco, colocamos em pauta a necessidade de medidas políticas, econômicas e sociais que evitem sua deterioração ou perda definitiva e consequentemente o comprometimento de nossa identidade.

Que patrimônios culturais correm risco hoje no Estado do Rio de Janeiro?

Existem diversos prédios históricos, de diferentes localidades do estado, em péssimo estado de conservação que ameaçam desabar; os museus que não possuem sistemas de segurança contra incêndio e roubo, neste cenário incluo as igrejas; as áreas ambientais que sofrem com a especulação imobiliária.

O que poderia ser feito para preservar e valorizar esse patrimônio?

Considero A Semana Fluminense do Patrimônio uma iniciativa que contribui para a preservação e valorização do patrimônio, pois coloca em evidencia sua diversidade e importância no Estado do Rio de Janeiro, mas não é suficiente. Como mencionado anteriormente, existem várias leis e regulamentações para a proteção do patrimônio, o que falta é a sua aplicação. A fiscalização deveria ser mais efetiva, os órgãos competentes da esfera federal, estadual e municipal deveriam ser reestruturados para desempenharem ações em conjunto. Outra questão fundamental são os recursos, sem dinheiro não temos como preservar. Por fim, e não menos importante, a educação. Necessariamente a valorização do patrimônio passa por esta perspectiva.