Olhares sobre o Patrimônio Fluminense divulga vencedores em Paraty

No dia 15 de agosto, o concurso cultural Olhares sobre o Patrimônio Fluminense elegeu as imagens e poesias que representam o patrimônio fluminense em 2014 na quarta edição da Semana Fluminense do Patrimônio. O concurso tem o objetivo de valorizar as diversas manifestações, cenários e objetos reconhecidos como patrimônio cultural e despertar a população para a necessidade de preservá-los.

O concurso se dividiu nas categorias infanto-juvenil (de 11 a 17 anos) e adulto (a partir de 18 anos) nas modalidades poesia e fotografia. Foram inscritas 49 fotos, apenas na categoria adulto, e nove poesias, uma delas, infanto-juvenil. Os trabalhos foram julgados por uma comissão de especialistas e por voto popular. Conheça os vencedores em cada tema:

Clique nas fotos para vê-las em tamanho ampliado.

Fatos e feitos

Os fatos incluem todo e qualquer evento realizado em contexto histórico material ou imaterial. Podem ser eventos culturais, esportivos, acadêmicos, de negócios etc. Os feitos incluem todo e qualquer bem cultural material ou imaterial, protegido ou não oficialmente, presente em qualquer região do Estado do Rio de Janeiro. Nesta categoria, foram inscritas 17 fotografias e 3 poesias.

Fotografias

1º lugar: “Besouro Moderno” – Luana Araujo Ramos Carvas Paiva

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2º lugar :”Brincando de Estudar” – Maria Aparecida Sencades Alves

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3º lugar: “Montanhas” – Stella Maris Mendonça

Montanhas de Paraty - foto Stella Maris Mendonça

Voto popular: “Intersecção erudito-popular” – Adil Guedes do Nascimento Junior

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Poesia

1º lugar: “Teresópolis” – Lúcia Périssé Moreira Veras

Teresópolis, sonho meu,
uma cidade querida,
lugar onde a fé nos aponta
o Dedo que aponta pro céu…
A Natureza é uma festa,
que colore de flores e cores
as matas, o verde, a floresta,
na beleza sem limites,
dos dias lindos de sol…
A cidade é meu amor,
lá cresci, sonhei, vivi
meus doces sonhos de amor…
Lá cantei, dancei, pulei
meu primeiro carnaval;
pessoas que conheci,
amigos que nunca esqueci.

Ah! Se eu pudesse, apanharia
um pedaço de você…
nem que fosse um pedacinho,
o bastante pra ficar …
guardado bem lá no alto,
acima das suas montanhas,
bem pertinho de Deus…
que é o Pai desta cidade
que Ele mesmo escolheu
pra mostrar a todo o mundo
o verdadeiro Caminho do Céu…

 

2º lugar: “SubúrBIO” – Rita Maria Merlino

subúrBIO
BIO
Vidas quentes
Vidas com nome
Vidas de gentes
Patrimônio de meus patrimônios

subúrBIO
Tem seu Alexandre, seu Murilo,o Bira
Que garante o pão e o conserto
Tem feira e pracinha
Tem trem e bem-te-vi
Vizinha, vizinho,qualquer
Sejam bem vindos
Fique mais um pouco, subúrBIO

Voto popular: “SubúrBIO” / “Instituto de Educação” – Rafael Valladão

Salve Instituto! Pavilhão de glória,
Florão do ensino, emblema da virtude!
Paço da altiva e brava juventude,
Seja louvada a tua sublime história!

E há quanto tempo espelhas, Instituto,
O carioca esplendor da educação,
Pois semeias sapiência, e eis teu fruto:
Teus filhos na vanguarda da Nação!

Há centenárias primaveras trazes
Em teus lauréis, o prêmio alvissareiro
Para a nossa nação, Rio de Janeiro:

Em anos de gentalhas tão mordazes
Esplendes jubiloso a tua história,
Grande Instituto, pavilhão de glória!

 

Memória transformada

As obras inscritas devem apresentar os reflexos das transformações (físicas, econômicas e/ou socioculturais) no patrimônio cultural fluminense, buscando ressaltar a relação, direta ou indireta, que existe entre eles. Inclui todo e qualquer tipo de intervenção, direta ou indireta, sobre o bem cultural, material ou imaterial, presente em qualquer região do Estado do Rio de Janeiro. Nesta categoria, foram inscritas 19 fotografias e 3 poesias.

Fotografia

1º lugar: “Passado glorioso, presente irrelevante” – Diogo Vasconcellos de Almeida

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2º lugar: “Encontro e Contraste” – Conceição Aparecida Pessanha Teixeira Lopes

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3º lugar: “O trilho e a estrada” – Bruno dos Santos Inácio

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Voto popular: “Prisioneiros da violência” – Adil Guedes do Nascimento Júnior

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Poesia

1º lugar: “Memória e história” – Alice Buonomo do Rosário
Que memória é essa que me toma toda a mente
Saudade da carruagem
das árvores frutíferas na cidade
Nas quitandas do José, João e seu Pedro, da conta pendurada
Da solidão poética e do romantismo exacerbado
De tempos que não vemos
Como antes éramos
A cidade muda
Muda as pessoas
Muda os seres
Não muda quem não acompanha as transformações
Que também desmiudam na multidão
Perto e longe quero estar
Ver o mundo transformar
Esquecer a história
Também não revigora
Memória agora é poesia sem fim
É lembrar de negros escravos chegar ao porto e em sequer comemorar
Porque não há comemoração, se não tem recordação
E o que mudou de lá para c´?
Grandes prédios, muros e muralhas uma cidade partida
Parques não são meu, nem há de ser seu
Casas desmontadas, hoje são prédios em construção
Geografia das favelas leitura de quem vive nela
Memória de negros fujões que ainda vivem ali
presos no passado
que não muda seu estado
E não é solucionado
O problema do nego fujão
E por falar em memória é bom lembrar
que cidade também é históri
História, de fatos bons e ruins
Mas não se pode deixar escapar
A memória do nosso Rio de Janeiro
Que é de povo hospitaleiro
Que recebe com sorriso
Visitante estrangeiro
Isso é memória pois se grava e não se apaga
Vira em nós identidade
Que perdida já se acha
Na mistura das raças, na cultura do povo
Na crença e na descrença
Memória de um povo que busca na sua terra
Crescer, saber e não esquecer que a identidade
Da sua história está em busca na memória seus
fatos já dados e recuperar os omissos, submissos
De um passado em regresso, sem brande progresso
Mas que hoje muda na velocidade de um cometa
Muda pra quem tem sede de mudança
E guarda grande esperança de ser um país de todos. Um lugar onde a memória jamais se apaga.
Um lugar onde o povo tem orgulho de dizer sou brasileiro e moro no Rio de Janeiro

2º lugar: “Jongo libertador” – Paulo César Cardoso
Nos tempos sombrios de outrora
De chibata, senzalas e dominação
Emergia sublime como a Aurora,
O Jongo: canto e dança de libertação.

3º lugar: “Porto das Caixas” – Araci Barreto

Nas pedras da rua, o túnel emoldura
A estação do trem. O tempo passando
A vida mudando; e o futuro vem.

O trem fez história, deixou na memória
A doce saudade. A “Maria fumaça”
Ruidosa ela passa: Quanta majestade!

O apito é aviso, na boca o sorriso:
O “expresso” chegou! No peito a esperança
Na mente a lembrança, e o tempo passou.

O tempo presente, do sol o poente
Na terra o viver. Nos trilhos desertos
Reverberam ecos do trem a correr.

Na foto o flagrante de um tempo brilhante.
Progresso? Tristeza. Na Matriz da Conceição
A Maria uma oração: Devolva nossa beleza!

 

Voto popular: “Porto das Caixas – Araci Barreto

 

O patrimônio da Costa Verde Fluminense
Inclui todo e qualquer bem material tombado ou imaterial registrado, pelas esferas nacional (Iphan) e estadual (Inepac) de proteção, presente na região da Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro. Nesta categoria, foram inscritas 13 fotografias e 3 poesias.

1º lugar: “Paraty Refletida” – Flávia Carmagnanis

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2º lugar: “Reflexo da história” – Rafael Mendes Teixeira

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3º lugar: “Barquinhos de Paraty” – Sarita Algebaile Bondim

Barquinhos de Paraty

Voto popular: “Barquinhos de Paraty” – Sarita Algebaile Bondim

Poesia

1º lugar: “A casa e a ilhota do morcego da minha infância” – Lenawaine Barnosa de Mello
A Casa e a Ilhota do Morcego da minha Infância

Com argamassa e gordura de baleia
Edificou sua casa em alvenaria
E em cada canto pediu ajuda da sereia
Para ornamentar a casa com maestria.

Lindos morcegos foram esculpidos
Tão perfeitos pareciam vivos
E por toda a costa eram ouvidos
Alto e em bom tom os seus silvos.

Na casa e na Ilha Juan habitou
Por muitos anos de completo sossego
E dos silvos ouvidos à noite brotou
A Casa e a Ilhota do Morcego.

2º lugar: “O tempo e o vento” – Rita de Cássia da Fonseca Rocha
Eu já fui uma Bela Usina de Açúcar.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Tempo em que minhas muralhas abrigavam máquinas de produção a vapor.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Hoje eu só abrigo histórias e tenho ainda minha beleza.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Na minha construção senti as dores do coração escravo.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
O rugido das moendas o tempo silenciou.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Às vezes ouço o tempo passar com o vento.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Lugar esse Bracuhy que leva em águas do Rio.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Saudade do Engenho Santa Rita que as belezas ainda abrigam.
Vi bravura, ouvi liberdade, e senti resistência.
Já faz tempo que o vento aqui soprava!
Ainda estou aqui com braços esplendido para você me visitar.
Eu sou as Ruínas do Engenho Central do Bracuhy.

3º lugar: “Paraty” – Sérgio Renato Amorim Rodrigues Bittencourt
Paraty que me faz reviver em sonhos a oferta do meu querer,enflorestado deslumbro o nascer, vida que jamais pensa em morrer.
Ó cidade encachoeirada, suas nascentes abastecem o coração de sua gente; as montanhas agradecem em sinuosas trilhas que nos fazem flutuar até aos céus chegar.
Mar transparente, verdejante, cujo mareio adormece os viajantes, itinerantes, numa atmosfera contagiante.Paraty, notariedade, em breve,Patrimônio da Humanidade.

Voto popular: “O tempo e o vento” – Rita de Cássia da Fonseca Rocha