IV Semana Fluminense de Patrimônio abre com debate sobre Porto Maravilha

As integrantes do grupo artístico Coletivo Rainhas Negras atuaram como mestre de cerimônias do evento.
As integrantes do grupo artístico Coletivo Rainhas Negras atuaram como mestre de cerimônias do evento.

A performance das artistas do Coletivo Rainhas Negras, mestres de cerimônias da abertura oficial da IV Semana Fluminense de Patrimônio, deu o tom do evento ocorrido na última terça-feira, 12 de agosto, que teve como palco pela segunda vez, o auditório do Centro Cultural Justiça Federal, no centro do Rio. Esta é a quarta edição da iniciativa, que este ano apresenta como tema Patrimônio Cultural e grandes intervenções.

Os presentes assistiram a um vídeo produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em que representantes das sete instituições organizadoras do evento reafirmaram seu comprometimento em aprofundar e diversificar o debate sobre o patrimônio. Já na mesa de abertura, o debate principal entre o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto do Rio de Janeiro (CDURP) e responsável pelo projeto Porto Maravilha, Alberto Silva, e o arquiteto Flavio Ferreira, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) discutiu a contrapartida das grandes intervenções em relação ao patrimônio material e imaterial, tendo como pano de fundo o projeto Porto Maravilha, que tem como objetivo a revitalização da região portuária do Rio de Janeiro e sua reintegração à cidade.

Na sua apresentação, Alberto Silva procurou mostrar as contribuições da iniciativa à valorização do patrimônio imaterial e material da região do Centro do Rio de Janeiro. Segundo ele, essas ações representam uma “quebra de paradigma” empreendida pelo governo municipal: “É uma modelagem financeira inovadora, que valoriza não apenas o patrimônio histórico da região, mas o Centro da Cidade como lugar de morar”, explicou.

Alberto Silva, à esquerda, e Flávio Ferreira falaram sobre as grandes intervenções em relação ao patrimônio.
Alberto Silva, à esquerda, e Flávio Ferreira falaram sobre as grandes intervenções em relação ao patrimônio.

Silva enumerou benefícios como a introdução de um sistema de transporte integrado, o apoio a iniciativas culturais já presentes na região, a restauração de prédios históricos, o incentivo às praticas culturais e enfatizou o cuidado com a fixação da população local. “Isenção de dividas, estratégias para geração de renda e capacitação para a nova realidade”, citou. “Estamos valorizando o antigo para abrir espaço para o novo”, ressaltou.

Para o arquiteto Flavio Ferreira, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a presença da sociedade, da comunidade local na elaboração do projeto, dizendo o que deseja, quais são suas demandas, é mais importante do que um pacote de incentivos. “Por exemplo, a legislação que trata da autorização para construir na área tombada permite prédios de até 40 andares. É isso que a cidade quer?” Ferreira não vê problemas nessas intervenções desde que a sociedade possa se manifestar: “Ela deve dizer o que é do seu interesse”, concluiu.