![](http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/IMG_20191211_095944_279-150x150.jpg)
![](http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/Leg1-300x138.jpeg)
As cidades, desde seu surgimento, constantemente foram palco de disputas e desigualdades. O que no campo cultural tem se intensificado nos últimos anos, numa época sombria e de desvalorização do patrimônio público e cultural, a igreja de São Daniel Profeta, projetada pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, situada em uma favela, carioca sofre desde sua gênese a pressão de uma desvalorização dado seu contexto socioterritorial.
![](http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-06-at-12.25.42.png)
Em um território marcado pela anomia, em meio às construções populares, a “hóstia”, como é identificada pela população por sua forma arquitetônica, foi intensamente invisibilizada pela sociedade, apesar de estar tombada nível estadual (desde 1966), quase seis anos após sua inauguração e a nível municipal (desde 1998), junto a outras obras de Niemeyer na cidade do Rio de Janeiro. Por essa singularidade, durante muitos anos, a igreja foi inserida em roteiros histórico-turísticos.
![](http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-06-at-12.24.39-300x169.jpeg)
Sua configuração patrimonial atribuída não se dá somente por sua arquitetura, era considerada uma concepção harmoniosa, conciliando a arquitetura, a pintura e o décor modernos com os cânones da Igreja Católica, apesar de toda simplicidade. Seu interior, projetado por Heitor Coutinho, possuía diversas obras de artes, tais como: A Via Sacra, pintada por Alberto da Veiga Guignard; uma réplica da estátua do profeta Daniel, moldado do original de Aleijadinho que se encontra em Congonhas (MG); uma pia batismal em madeira de lei, oferecida pelo Museu de Ouro Preto ao Governo do Estado da Guanabara, além de uma imagem da Virgem com o menino Jesus.
![](http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/IMG_20191019_095055_202-300x300.jpg)
Pelo negligenciamento público, teve os atributos formais de sua arquitetura bastante alterados ao longo dos anos e seus bens (móveis e integrados) dissociados ou em mau estado de conservação e, em alguns momentos, comprometendo seus usos.
No entanto, configura-se como um espaço de identidade e pertencimento que ativa processos de construção e reconstrução de memória associados a ele pela comunidade.
Por Éric Alves Gallo
Arquiteto e Urbanista, mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (PPGPAT/COC/Fiocruz).